terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Tentação...



Filomena estava só na dela...

Deitada em frente ao sofá, parecia ignorar solenemente a família reunida jantando animadamente na mesa de jantar. Bocejava de vez em quando e com os olhos semicerrados, deixava o sono modorrento da noitinha tomar conta do corpo.

No entanto... o cheiro do frango!
Nossa, devia estar uma delícia. Levantou ligeiramente a cabeça para sentir o que realmente acontecia. Caramba, os quatro bípedes da casa estavam realmente devorando uma ave!

E o cheiro cada vez mais inebriador começou a despertar Filó de vez! Precisava avaliar bem a situação: sabia que não adiantava pedir: ou iam lhe jogar um pedacinho bem mixuruca ou pior, miolo de pão! Eca!

Virou o corpo na direção da mesa de jantar, se espreguiçou e lentamente veio andando para junto da humana que considerava sua dona. Percebendo que ela segurava um pedaço da ave em uma das mãos e deixara um naco no prato, acelerou e rápida como um raio, deu um pulo em seu colo, abocanhou inteirinho o frango e saiu lépida em direção a sua caminha, para devorar a delícia.

Ah, os prazeres de um bom prato!
Mas Filomena, em sua gula, acabou se esquecendo completamente do “não”, um comando que homens e cães conhecem há mais de dez mil anos, quando começaram a conviver juntos.

E lá se foi Filomena para o castigo, ficar no escuro no banheiro e pior, sem sua ave. Tudo bem, pensou, cachorros tem a vantagem de só viver o presente.

Logo, logo isso passa.


Autor do texto: vovô

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